sexta-feira, 20 de março de 2009

Todo o tempo é tempo de poesia


Hoje, na nossa escola, esperamos o Dia Mundial de Poesia e a Primavera. As salas de aula encheram-se de poemas sobre a poesia: "Tempo de poesia", de António Gedeão e "Poesia à Vista", de Teresa Rita Lopes.

TEMPO DE POESIA

Todo o tempo é de poesia.

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.


Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia.

Todo o tempo é de poesia.

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.


Sob a cúpula sombria
Das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.


Todo o tempo é de poesia.


Desde a arrumação do caos
à confusão da harmonia.


António Gedeão, Poesia Completa, Edições João Sá da Costa


E porque a música é também uma forma de poesia, aqui fica Luís Represas e o poema "Ser Poeta", de Florbela Espanca.




Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca

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