Fotografia da exposição realizada na Escola D. Luís de Loureiro, pelo Departamento de Ciências Sociais e Humanas.
Celebramos amanhã o 25 de abril, dia da Liberdade. Aqui ficam sugestões de leituras em jeito de celebração neste dia tão importante para o nosso país.
Na tua biblioteca!
«Trova do Vento que
Passa»
Pergunto ao vento que
passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me
diz.
Pergunto aos rios que
levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam
sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai
rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém
diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede
notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por
que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na
servidão.
Vi florir os verdes
ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre
os ombros curvados.
E o vento não me diz
nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em
cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos
rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de
ficar.
Vi navios a partir
(minha
pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes
mágoas).
Há quem te queira ignorada
e
fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da
fome.
E o vento não me diz nada
só o
silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se
notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria
florindo.
E a noite cresce por dentro
dos
homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma
candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções
no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em
tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz
não.
Manuel
Alegre
Este poema de Manuel Alegre simboliza a
esperança pela Liberdade e foi cantado por
Adriano Correia de Oliveira, em 1963. Podes ouvi-lo aqui: